domingo, 30 de agosto de 2015

Inácio: O conto Grego.

     Havia um garoto muito astuto que costumava caçar borboletas, certo dia, distinguiu pousar em seu jardim um belo par de asas cor escarlate, aproximou-se na ponta dos pés e atirou sua rede. Acabou surpreendido, pois as asas, sem dúvida alguma eram de borboleta, mas o corpo era o de uma moça, ficou acanhado e sem reação, a mocinha começou a gritar, então Inácio, temendo que a ouvissem, disse.
     “Calma moça, não grite”.
     “Então me tire daqui, pensa que sou algum animal?”
     O garoto coçou a cabeça dizendo, “pensei que fosse uma borboleta”.
     “Deste tamanho?”, retrucou a moça.
     “Sim”, ainda muito acanhado, “uma borboleta gigante”, prontificou-se a livrá-la da rede.
     Ao desvencilharem-se da rede, suas asas ganharam destaque e magnetizaram o olhar do garoto.
     “Meu nome é Hedonê”, disse a moça com asas de borboleta, “e o seu?”.
     “Inácio”.
     Hedonê estava completamente nua, entretanto Inácio tinha olhos apenas para as asas vermelhas e reluzentes, naquele movimento rítmico e frenético que a mantinha plainando a sua frente.
     “Não vai dizer mais nada?” questionou-o arqueando uma das sobrancelhas, “Costuma-se ser mais cordial ao dirigir-se a uma deusa”.
     “Desculpe-me”, disse o garoto abaixando a cabeça, reconheceu sua falta e completou. “suas asas são lindas, tenho muitas borboletas no meu quarto, mas nenhuma tem um par de asas tão belas”.
     Hedonê ficou encantada com o elogio, pediu para que o garoto lhe mostrasse suas borboletas. No quarto havia alguns aquários e outros potes menores onde as mantinha.
     Hedonê descontentou-se ao ver as borboletas presas e pediu para que Inácio as libertasse.
     “Liberte-as e levarei você para um voo, que será mais alto do que qualquer borboleta jamais voou”.
     Inácio libertou as borboletas que fugiram em sincronia pela janela, Hedonê, como prometido, levou Inácio para um voo magnífico pelos céus, alcançaram o olimpo, onde ela serviu-lhe néctar e dançou ao som da lira de Apolo, apresentou-lhe Eros e Psiquê, antes de trazê-lo de volta.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Yggdrasil

      


      Avistei essa árvore num fim de tarde, de suas raízes evidenciadas até os galhos salientes de sua copa, havia uma beleza obscura e sombria, por trás de seu tronco e além do mato estava a linha do horizonte em transição crepuscular.
      A imagem dessa árvore ficou por dias em minha mente, após concluir o desenho não pude deixar de olhar e lembrar da Yggdrasil, árvore do universo na cultura nórdica e que liga os nove mundos, suas raízes faziam parte dos mundos inferiores onde o solo era infértil e haviam monstros terríveis, no topo da árvore estava a cidade dourada, chamada Asgard, terra dos deuses,e Valhala, onde são recebidos os gloriosos guerreiros mortos em combate.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Pan & Sofia

Estavam deitadas na grama, era noite, barriga vira travesseiro. No céu as estrelas impalpáveis deslumbrantes, na Terra voa um pirilampo que pousa ao alcance das mãos, luz intermitente e sorriso permanente. Nuvens não espessas se espalham sem ocultar o brilho das estrelas, do vagalume ou dos olhos. Do grilo apenas barulho e do sapo também, mas distante, ainda bem, e perceptível somente quando não há risos ou vozes como agora.
“Sofia, como consegue não crer?”
“Na verdade, Pan, eu duvido de tudo que acredito”.
“Mas, não sei se é o instante, tudo se encaixa tão bem, a grama é macia...”
“Sua barriga também”.
           Risos.
“É sério, o calor e a brisa que refresca quando toca na pele, a beleza das estrelas, o pisca-pisca do vagalume, você e eu”.
            Risos meigos.
            “Pan, o que está tentando me dizer?”
            “Estou apenas pensando no todo... Agora sai de cima da minha barriga”.

Carlos Eduardo Taveira dos Santos