Estavam deitadas na grama, era noite, barriga vira
travesseiro. No céu as estrelas impalpáveis deslumbrantes, na Terra voa um pirilampo que pousa ao alcance das mãos, luz intermitente e sorriso permanente. Nuvens não
espessas se espalham sem ocultar o brilho das estrelas, do vagalume ou dos
olhos. Do grilo apenas barulho e do sapo também, mas distante, ainda bem, e
perceptível somente quando não há risos ou vozes como agora.
“Sofia, como consegue não crer?”
“Na verdade, Pan, eu duvido de tudo que acredito”.
“Mas, não sei se é o instante, tudo se encaixa tão bem, a
grama é macia...”
“Sua barriga também”.
Risos.
Risos.
“É sério, o calor e a brisa que refresca quando toca na pele, a
beleza das estrelas, o pisca-pisca do vagalume, você e eu”.
Risos
meigos.
“Pan, o que está tentando me dizer?”
“Estou apenas pensando no todo... Agora sai de cima da minha barriga”.
“Estou apenas pensando no todo... Agora sai de cima da minha barriga”.
Carlos Eduardo Taveira dos Santos
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