terça-feira, 8 de setembro de 2015

Vias do Vento

                     Olá meu caro desamor, faz algum tempo que não nos correspondemos, minhas cartas não chegam mais a ti e nem mesmo meu falcão pôde localizá-la, entretanto descobri as vias do vento, recebi, através de um sopro em meu ouvido, a garantia de que bastava escrever, fazer um aviãozinho e atirar ao ar para que a mensagem lhe fosse entregue.
                Escrevi para lhe dizer que estive num ambiente comum as nossas memórias.
                Hoje resolvi pedalar, segui paralelo à linha do trem em direção ao imenso descampado, todo aquele vazio era como a própria savana de meu coração, árvores mirradas e sombras escassas, o Sol escaldante arde como a latejada incomoda, o firmamento dono de um azul tão pálido, quase branco, nuvens tênues cujas formas não se assimilavam a nada. No solo as colônias de cupinzeiros protuberantes aqui e ali.
                Encostei a bicicleta numa árvore e sentei na grama, como quem prepara um ritual, preparei meu fumo e acendi, logo ouvi seu sorriso bem próximo, em seguida vi sua imagem pedalando ao longe.
                Um trem passou e o maquinista acenou pra mim. Eu estava próximo à placa escrita ‘fim da linha’, creio que se lembre, foi exatamente onde paramos.
Ass. Eterno desamor

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